sexta-feira, agosto 24, 2007

Ligação inexplicável


Minha mãe a conhece desde que tinha 4 anos de idade. Eu a conheço desde que nasci. Foi ela quem escolheu meu nome: Luciana, porque significa “luz do mundo”. Ela esteve ao meu lado em todos os momentos, e continua a ser assim, mesmo depois de eu ter apagado quase 27 velas e ter casado.


E é isso que faz nossa ligação ser tão inexplicável.


Esta pessoa tão maravilhosa é a minha segunda mãe: a minha madrinha. Aliás, costumo dizer aos meus pais que eles ainda me causarão um problema por conta da escolha dos meus padrinhos. Sim, porque se um dia eu decidir ter filhos, terei uma dor de cabeça imensa para escolher quem cuidará dos meus filhos na minha ausência (esta é a função primeira dos padrinhos), afinal, vou querer, no mínimo, pessoas iguais aos meus padrinhos. E posso garantir que eles foram e são MA-RA-VI-LHO-SOS.


Enfim, enquanto este dia não chega, vou contar sobre ela. Rosa é uma mulher de fibra, guerreira. Quem a vê, num primeiro olhar, só percebe sua elegância e classe e nem desconfia que por trás daquele sorriso delicioso existe uma leoa.


Sofremos juntas a perda de meu padrinho. Cada uma da sua forma e com sua dor, mas juntas. Ela enfrentou desafios imensos para vencer sozinha sem aquele que sempre foi seu braço direito. E venceu. Com classe, elegância e aquele sorriso.


E eu também venci todas as más línguas que disseram que ela me abandonaria. Afinal, ele era tio da minha mãe (irmão do meu avô), ela era só a esposa. Por que, então, haveria de se importar com a menina – eu – que nem tinha o seu sangue?

Sangue. Quem precisa disso quando existe amor? Nós não precisamos!


Já faz 15 anos que eles nos deixou. E durante todo o este tempo sempre estivemos juntas, talvez até mais unidas, pois agora não sou mais criança e, além de mãe, ela pode ser minha amiga.


E é assim que seguimos: uma saudade apertada quando estamos distantes, uma alegria imensa o tempo que passamos juntas, um abraço apertado e uma vontade infinita de não nos desgrudar. E isso é tão bom!


Na noite de sábado para domingo sonhei com ela. Acordei com a sensação do abraço que nos demos no sonho. E foi tão bom...


Tentei falar com ela, mas não a achei em casa. Esta noite voltei a sonhar. E ela estava tão feliz. Pude acordar com o som da sua risada e a sensação real daquela felicidade. Telefonei novamente. Desta vez a encontrei. E não é que realmente estava feliz? Muito feliz!


Pois é. Esta é a nossa ligação inexplicável. A deliciosa ligação de uma mãe e uma filha, que embora não estejam ligadas pelo sangue, estão ligadas por algo maior: a alma!


Amo você, madrinha.

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