quinta-feira, setembro 27, 2007

Consultório médico

Tenho nove gatos e uma cachorra. E nenhum filho humano. Isto significa que freqüento consultórios veterinários em detrimento de pediatras. Mas terça-feira me peguei em uma situação hilária.

Katarina e Dulcinéia, minhas gatinhas de seis meses de idade, foram castradas há uma semana e era chegada a hora de retirar os ponto. Saímos mais cedo do trabalho para cumprir esta tarefa de “pais”.

Quando chegamos ao consultório do veterinário percebemos uma certa movimentação. O local, que normalmente está tranqüilo, estava cheio. Motivo: o veterinário fazia uma cirurgia de emergência em uma gata engasgada com espinha de peixe. Definitivamente não se faz mais gatos como antigamente!

A única coisa que podíamos fazer era esperar. E foi o que fizemos. Porém, em dado momento, me vi sentada na sala de espera papeando alegremente com mais três proprietárias de animais: a dona do Fred, um poodle simpático, a dona da gata engasgada e a dona de dois gatinhos machos a serem castrados.

O mais engraçado, na verdade, foi perceber a cena que acontecia. Exatamente como acontece com as mães que levam seus filhos ao pediatra. Elas se unem e o papo gira em torno das crianças e suas variações. E, no fim, ninguém lembra o nome da mãe de ninguém, mas lembra o nome da meninada.

E lá estava eu, na falta de filhos bípedes, falando dos meus bichanos, trocando experiências felinas e caninas, abominando os matadores de animais e os veterinários mutiladores, junto das outras “mães”. E, no fim, seu só lembrava o nome dos bichos.

É tão bom ser tia...


No final de semana passado eu e maridão recebemos a visita ilustre de Manuela, nossa querida sobrinha. Na verdade, Manu é filha da Cíntia – minha cunhada –, irmã do Cris; logo tio mesmo é ele. Mas e daí? Eu não ligo nem um pouco, porque eu me sinto muito tia dela e ponto final, oras bolas.

A trupe chegou já na sexta à noite e Manu dormia serena no carro, mas não demorou muito para ela acordar e começar a correr pela casa atrás dos gatos. Até a Branca, minha cachorra gigante, ganhou sua atenção. Manu mandava ela parar de latir!

Cada gato que ela via perguntava o nome e, ao seu modo, repetia. Assim minha tropa felina se transformou em Pió (Filó), Benê, Juju, Dodô, Pompom e Tão (Vitão). Salém ela desistiu de chamar, pois não entendia muito bem esse nome, então, ela ia até ele e mandava ele acordar, porque Salém só sabia dormir.

E a praia? Como Manu adora praia, por ela não sairíamos de lá – e por mim também. A diversão do sábado e do domingo, pela manhã foi brincar na piscina improvisada. À tarde, ela corria pela casa a chamar os bichos e a me chamar. Era só sumir por uns minutos que eu ouvia Luuuuuu. Que delícia, nunca pensei que isso fosse tão bom.

No sábado à noite a levamos ao parque e titio Cris encarou com a sobrinha desde Carrossel, Centopéia até o brinquedo da Xícara. E ele se divertiu mais que ela. O passeio em seguida pela feira de artesanato rendeu uma bolsinha de boneca e uma minhoca rosa, que Manu não desgrudou um segundo.

A garota é tão simpática e divertida que fez até amizade com as filhas da vizinha e logo estava ganhando sorvete, pulseirinha, ursinho, colo. A brincadeira rolou solta.

Resumindo: passei o final de semana ouvindo Luuuuuu, correndo para lá e para cá, ganhando e dando beijinhos, ouvindo muita Xuxa, sorrindo adoidado e carregando a Manu no colo feito canguru.

Depois de toda esta malhação só posso dizer que ser tia é bom demais e que já estou morrendo de saudade da Manu!

segunda-feira, setembro 24, 2007

É chegada a Primavera


Esta é a época do florescer, do renascer, do recomeçar. Uma agradável sensação de vida começa a despontar dentro do peito, após os frios e escuros meses de inverno. É chagada a hora de abrir as janelas, sacodir a poeira e nascer de novo. A vida se descobre mais flexível e com todo o seu esplendor busca o equilíbrio.


Assim como os chapéus-de-sol da foto, que começam a ganhar nova roupagem com o brotar de suas verdes folhas, eu também inicio minha transmutação. É hora de jogar fora o velho e abrir espaço para novo, receber as energias do sol e crescer com força e coragem.


É na primavera que completo sempre mais um ano de vida e é na época das flores que sinto o poder do recomeço. Assim como a natureza, também preciso do meu tempo no casulo, para então, no meu novo ano, renascer!


P.S.: Estas são as árvores que me conhecem desde menina, para quem conto meus segredos, sonhos e desejos. Foram elas que enxugaram minhas lágrimas de tristeza e me deram forças para seguir, exatamente aqui, onde eu sempre quis estar.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Informe-se e não reclame sem fundamento

Eu acho o fim da picada (quem será que inventou este termo???) gente que reclama de graça, sem motivo. Sério, isso me deixa nos nervos.

Meu escritório é ao lado de uma sede do Procon, em uma vilinha de escritórios. Quem vai até o órgão inevitavelmente passa por minha porta. E eu escuto cada reclamação absurda e infundada, que um dia sou capaz de sair na porta, chamar o fulano e passar um corretivo. Já estou chegando a este ponto.

Tudo isso porque a pessoa vem até o Procon e lê que o atendimento é só de segunda à quinta feira, das 13hs30 às 17hs30. Por que não passa pela cabeça do infeliz a brilhante idéia de perguntar o motivo do horário ao invés de sair chamando gente que rala de vagabundo?

As pessoas têm uma mania imbecil de falar que órgão público não funciona, que o país é uma porcaria, que funcionário público é vagabundo. Sim, tem muita coisa errada. Sim, muita coisa tem que melhorar. E sim, também, muitos órgãos e funcionários públicos deixam a desejar – e muito. Mas nunca se deve generalizar.

Está parecendo o locutor da rádio local, da cidade em que moro. Ele não passa um só dia sequer sem falar que o Brasil é uma palhaçada, que certas coisas só acontecem aqui, que isso aqui não tem mais jeito. O cara me tira do sério, tanto que nem vou mais ouvir a rádio para não estragar meu café da manhã.

Se o Brasil é o horror dos horrores, mexe a bunda, vai morar em outro lugar ao invés de falar, falar e falar. Sabe por que isso tudo me irrita? Porque é tudo gente que não move uma palha para que o país melhore; é gente que não pensa, não avalia e não se informa.

Em tempo: o Procon só atende os munícipes naqueles dias e horários porque todas as manhãs têm audiência para resolver as pendengas dos reclamantes e na sexta-feira, durante todo o dia, também. E as moças estão na lida diariamente desde às 8hs. Se ao invés de reclamar a pessoa procurasse se informar teria orgulho do órgão.

Nunca mais faço isso!

Sou uma pessoa extremamente ansiosa e crio expectativas para tudo, tudo mesmo. Ok, sei que isso não é característica melhor de alguém e o marido psicólogo puxa a orelha o tempo todo. Mas eu sou assim, oras!

Acontece que também sou apaixonada por Maria Rita e sua voz espetacular. E tenho uma amiga viciada em tecnologia e as facilidades que ela pode proporcionar. Ela manda muito bem no quesito e ensinou truques fantásticos ao meu maridão, que ficou um “expert” no ofício de ver e ouvir coisas pela rede mundial.

A esta altura você já está achando que fiquei maluca, pois misturei tudo quanto foi assunto. Calma, amigo, eu explico. Junta a minha ansiedade com a paixão pela Maria Rita e os truques passados de amiga para maridão. O resultado é...tantantan...ouvi o CD da Maria Rita, Samba Meu, antes de tê-lo. E isso foi horrível.

Depois de devorar suas canções com meus ouvidos um terrível vazio se abateu sobre mim. Cíntia, a esta altura da frase, deve estar rindo de mim. Mas eu sou daquelas que gosta de ver, sentir, pegar, namorar, apreciar, ver e rever a caixinha, a foto, o encarte, abraçar, cheirar, guardar. E não fiz isso desta vez.

Deste que iniciou sua carreira, coincidentemente, os trabalhos de Maria Rita são lançados próximo ao meu aniversário. O primeiro CD ganhei na mais pura surpresa e ingenuidade do meu marido, junto com o ingresso do show, como presente de aniversário. Logo em seguida fui ao lançamento do DVD e angariei meu autógrafo. Embora pudesse parecer previsível, ganhei o Segundo em meu aniversário do ano retrasado e nem desconfiei que isso aconteceria e foi fabuloso.

Este ano já havia avisado que não queria Samba Meu no dia do meu nascimento, porque ia perder a graça. Mas liberei maridão para fazer uma surpresa em um dia qualquer. Mas o bichinho do tsé-tsé me pegou e eu ouvi todas as músicas. Perdeu a graça. Não consigo nem tecer opinião sobre o trabalho tamanha a frustração com meu ato. O problema é que não tem graça ouvir sem ver, sem pegar, sem namorar.

Prometi a mim mesma que nunca mais faço isso. Sou das antigas sim, preciso dos meus rituais. Afinal, não existe magia e encanto quando se abandonam os rituais.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Por um triz

Eu quase abandonei a faculdade de jornalismo ao final do primeiro ano. E, na verdade, só continuei o curso porque meu lado esquerdo do cérebro tomou partido.

Lembrei disso esta manhã, enquanto tomava café e ouvia a rádio local. Estavam falando sobre o grupo de teatro da cidade e logo disparei a frase para o meu marido: “Sabia que quase sai da faculdade para fazer teatro?”

Ele, que tomava seu café preto calmamente, só conseguiu olhar com espanto e dizer: “Ah é?”. Pois é, sempre fui um ser meio aparecido, daquele que quer estar em todas as fotos, fazer as melhores poses, ser o mais reconhecido. Desde pequena eu queria ser modelo; mas a altura não permitiu. Tentei a fotografia ao invés das passarelas, mas meus pais não tinham paciência para estas coisas.

Comecei cedo a dançar. Fiz balé e Ginástica Rítmica e estar no palco era o que eu mais amava. Participar dos campeonatos de GR também era fenomenal. Eu unia tudo o que mais amava: dançar, expressar e aparecer. Vai dizer que não é o máximo todos te olhando receber uma medalha, pela qual lutou tanto?

Enfim, eu tinha descoberto minha vocação. Na hora do vestibular não havia mais dúvidas – embora para chegar até a decisão eu tenha percorrido longos dias decidindo se fazia arquitetura ou física – e a escolha era certa: Educação Física. Eu seria uma excepcional técnica de GR.

Selecionei apenas as faculdades que possuíam a modalidade como matéria obrigatória e fui em frente. Passei em todas. Na hora da matrícula, recuei. Eu teria aula de anatomia, com peças de seres humanos. Por peças entenda membros, pois só quem faz medicina pode estudar o cadáver inteiro.

Não sei o que é pior: ter um morto estirado numa mesa e abri-lo ou ter que estudar ora o braço, ora a perna. Para mim era demais. Mesmo assim eu tentei. Fui visitar os laboratórios e quase morri do coração. Era demais para mim.

Uma das faculdades dava a chance do aprovado reoptar por outro curso. Pensei na tal arquitetura, mas eu estaria em defasagem, porque não tinha nota da prova específica. A vida inteira meus professores falaram que eu levava jeito para a escrita. Então, segui o palpite dos mestres e fui fazer Jornalismo.

Ao final do primeiro ano surtei. Eu queria ser famosa. Cheguei a procurar por cursos de teatro profissionalizantes, de uma galera tarimbada pela Globo. Mas como assim eu não teria um diploma? O lado caretinha falou mais alto e eu continuei o curso.

Ainda bem! Descobri que eu amo escrever, que posso viver das minhas próprias frases, do encontro das minhas palavras. E hoje vivo assim: a escrever pequenas e singelas histórias, debaixo do coqueiro, olhando o mar.

Mas confesso: ainda carrego a frustração de uma aula de anatomia ter sido a pedra no caminho da minha amada e idealizada vocação - a Ginástica Rítmica.


quinta-feira, setembro 06, 2007

Redescobrir

Foto: Viviane Pelissari - fotógrafa sensível e impecável, amiga de todas as horas!

Tem gente que me faz sentir o melhor e o pior de mim. E isso é fantástico.

Sou sensível às artes, ao criativo, ao humano, ao sentimento.

São artistas que fazem com que eu me lembre quem eu quero ou não quero ser. São gentes que me fazem sonhar, que me fazem lembrar, que me fazem chorar, nascer e morrer para mim mesma.

Na verdade o que eu queria mesmo era me redescobrir. Redescobrir uma exímia tecedora de palavras, que nas tramas do tempo poderia contar histórias deliciosas, ao pé de um fogão.

Minha vontade é imensa de cultivar minha Jabuticabeira, docemente presenteada por Dona Cinira, senhora da magia e do encanto, sábia e doce pessoa. Meu sonho era crescer entre plantas, aromas e bichos.

E então, lá ao pé da Jabuticabeira, escrever minha história: colhendo morangos e acariciando gatos.

Ah...como eu queria me redescobrir!


“Somos a semente, ato, mente e voz, magia
Não tenha medo, meu menino bobo, memória
Tudo principia na própria pessoa, beleza
Vai como a criança que não teme o tempo, mistério
Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor, magia”

Gonzaguinha