quinta-feira, junho 04, 2009

Bateu saudade dela

Foto: Lu Fuoco

Na minha última volta de São Paulo, sozinha, enquanto esperava o ônibus, ouvia a simpática conversa de duas senhoras. Uma delas dizia a outra que antes de sair de casa deixou tudo arrumado, porque “nunca se sabe como vai chegar” e também “porque a vizinha entra em casa para regar as plantas”, então, ela gostava de sair com tudo bem ajeitadinho. E, além do mais, segundo a senhora, ela também gostava de ajeitar a casa.

O mais engraçado, além do discurso parecido, era a fisionomia: mesma altura, mesma carinha amorenada – própria dos portugueses – o mesmo corte e a mesma cor de cabelo.

Lembrei do seu apartamento. Das noites dormidas lá. Dos bolos. Do cheiro dos bolos. Do cuidado. Da braveza. Da insistência para eu tomar leite. Do café da tarde. Da comida gostosa. Das costuras. Das novelas. Da sua voz. Do cuidado com a aparência. Mas principalmente da sua autonomia.

E foi então que bateu saudade do tempo em que minha avó sabia que era minha avó.