quinta-feira, agosto 21, 2008

Olimpíadas 2008 - Parte 1


Foto: UOL


Nada melhor do que ser dono do seu próprio tempo, não é? Claro que isto também é um perigo. Hoje, por exemplo, me dei ao luxo de começar o trabalho mais tarde. Tudo para assistir às preliminares da Ginástica Rítmica nas Olimpíadas. Óbvio que vou estender o turno para além do horário de costume, mas o que há de mal nisso?

Assisti às apresentações e gostei muito do que vi – tanto nos individuais quanto nas equipes – mas é fato: o conjunto brasileiro não tem chance. É triste dizer isto. Só que é a pura verdade.

É só juntarmos as peças: ganhamos o Pan porque não havia como perder – são menos competidoras de alto nível e tinha lá o tal lance político –, no entanto, fomos péssimas no Mundial e só estamos nas Olimpíadas porque fomos convidadas. Sim, amigos, diferente da seleção anterior, que mesmo com a vaga garantida em Atenas por conta do Pan, cravou a série no Mundial da época e não foi para a Grécia como equipe convidada.

Erros acontecem e, por isso, não melhoramos nossa posição na última Olimpíada e repetimos Sidney. Porém, nível para batalhar – pelo menos – o terceiro lugar do pódio tínhamos e muito. Música bem escolhida, roupa perfeita e série com nível elevadíssimo.

Isso, infelizmente, a equipe atual não tem. Nem de longe.

Sinto pelas ginastas, que batalham, lutam, treinam, se esforçam. E fizeram uma apresentação linda, com energia e sorrindo o tempo todo. Mas isso não basta. É preciso ter um corpo técnico que saiba elaborar coreografias difíceis, que nos coloquem em pé de igualdade para competir com as russas, bielo-russas, ucranianas e azerbaijanas.

Estamos apresentando séries primárias, com elementos que eu executava quando praticava o esporte lá nos idos de 90.

O alto nível das apresentações em Pequim já nos deixou na última posição da primeira preliminar. Se o nível de dificuldade continuar igual para a próxima apresentação, o oitavo lugar tão suado que conquistamos e que nos tirou do limbo da GR mundial será ocupado por outro país e iremos amargar as últimas posições.

Uma pena, para as atletas que estão fazendo de forma belíssima a sua parte. Mas, quem sabe, uma lição para os políticos do esporte que, por ego, meteram os pés pelas mãos!

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Um sentimento: hoje era dia que o telefone tocaria, mas não tocou. Ainda lembro quando ele ligava e dizia “Bela, liga a televisão. Está passando GRD” ou ainda “Lu, você está assistindo? Está passando no canal ...”. Faz falta ouvir essa voz. Foi muito difícil passar a manhã sem ouvir o telefone tocar.

Eu não estava preparada para isso. Mas quem será que está? Há sempre alguém esperando o telefone tocar...


Mas acho que o mais triste é que ninguém ligou. Nem ele, nem ela, que também ligava. Ele se foi, mas e ela? Onde será que ela se encontra? Só ela sabe, ou, talvez, nem ela...

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