sexta-feira, setembro 12, 2008

Apego?

Foto da minha sala, com a minha vista privilegiada...

Ontem, quando cheguei em casa do trabalho, comecei guardar a pequena compra feita no mercado e, instintivamente, liguei a televisão. Pela milésima vez – mas isso nem é tão tuim assim – a Warner reprisava episódio de Friends. E era justamente o último.

Parei para assistir. Já estava no fim e justamente a hora que decidi prestar atenção mesmo, foi quando a cena mostrava os amigos no apartamento de Mônica, vazio, comentando que todos haviam morado ali e o quanto foram felizes. Os cinco deixam suas chaves sobre um móvel. Mônica se emociona e diz que ela não imaginava o quanto aquilo seria difícil. Em seguida, eles saem do apartamento e a porta se fecha.

Isso me fez lembrar de algo que vivi e que ainda não assimilei por completo. Sempre quis sair de São Paulo, ter uma vida mais tranqüila, respirar ar puro. Quando eu e marido decidimos nos mudar para a praia (Caraguatatuba) a alegria invadiu meu coração e curtimos cada momento desta etapa. A pequena reforma na casa nova – aliás, isto ainda rende um outro post, quem sabe em seguida a este... –, os preparativos para a mudança, as burocracias. Até que chegou o grande dia.

O marido já estava na nova cidade há uma semana, porque foi preciso acelerar os pedreiros. E eu fiquei em Sampa, encarregada da mudança. A empresa que contratamos levou dois dias para encaixotar tudo. E meus pais estiveram ao meu lado o tempo todo.

Quando tudo estava encaixotado e guardado no caminhão, era hora de entregar as chaves. Pedi um segundo para minha mãe, para ficar sozinha e me despedir daquele espaço que não era meu, mas que eu amava imensamente e em que comecei de fato minha vida adulta. Assim como a personagem do seriado, eu nunca imaginei que seria tão difícil.

Chorei feito criança. E me perguntava se esta era a decisão correta. Ali ficamos por dois anos e meio. Iniciamos nossa vida a dois. Vivemos intensamente nosso espaço. E eu era extremamente feliz naquele lugar. Por mais que eu estivesse indo morar num lugar que também amo, fechar aquelas portas foi absurdamente difícil. Sinto saudade até hoje.

Será que isto é apego? Quando penso em ganhar na mega sena, as duas primeiras coisas que me vêem à cabeça para fazer com o dinheiro são: comprar aquele meu antigo apê (para eu me hospedar quando for a São Paulo) e comprar um terreno aqui onde moro, para poder ter espaço para plantar tudo o que mais gosto. Simples, não?

E você, tem saudade apertada de onde?

10 comentários:

  1. ai Lú, nem me fale, eu devo mudar de casa até o fim deste ano, mais precisamente até 31/12 tenho que entregar meu imóvel... apesar de estar louca pra começar a minha vida nova num lugar novo (e esta casa que moro tem lembranças de fases que já se foram e, nem todas felizes) tenho medo assim mesmo.
    acho que vc precisa jogar sempre na mega sena, esse seu sonho é preciso realizar!rs
    beijinho com saudades,
    Ka

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  2. sair da casa de nossos pais e ter uma vida nova e independente é um rito de passagem difícil. Imagino como foi para vc, viver dois anos "independente" curtindo a vida a dois e ter que deixar o ap que era oq simbolizava várias coisas ao mesmo tempo. não quero pensar como será quando eu e o meu marido decidirmos sair do nosso cantinho... será dificil, mas não queria que fosse tão dolorido.

    bjos

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  3. Oi lU

    eu acho natural esse tipo de apego.
    eu mudei de apto há um ano, de um outro onde vivi dez

    lá eu morei sozinha, depois nasceu minha filha, tive mil fases

    como deixar um lugar assim, impregnado da historia da gente, sem se emocionar

    no fim, minha saida foi tao apressada, que eu nem tive tempo de me despedir direito das paredes que eu pintei, uma por uma

    mas quando vejo as fotos, ate hoje, e um lugar que eu amo, que eu vou lembrar sempre

    o que eu penso e que dá menos saudade quando a gente muda pra melhor
    o importante e ir sempre pra cima, nunca pra baixo

    beijos! Rosane

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  4. Eu gosto tanto de viajar que sinto isso quando vou embora de hotéis!! haha Coisa de doida! rs

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  5. Ká: é mesmo, você vai mudar. Achou alguma coisa bacana?
    Então, tem horas que a gente tem mesmo que mudar de ares. Pensa que você vai começar uma vida completamente diferente e deixar as coisas tristes para trás.
    Um beijo!

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  6. Tamy: Bem-Vinda! Então, na verdade, eu me apeguei demais aquele espaço e nem sei direito o porquê. Vai ver que foi por isso mesmo: onde tudo começou.
    Mas, olha, não sofre por antecipação, não. De repente, você acaba nem precisando sair de seu cantinho.
    Volta sempre.

    Iê: essa é novidade para mim. Mas aposto que agora que você tem um canto para chamar de seu, mesmo nas viagens que mais ama, vai sentir falta do seu cantinho!
    Beijoca

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  7. Rô: ai Rô, dez anos! É a gente deixa nossa história marcada nos lugares. Eu imagino a saudade que dê.
    Mas por que você mudou?
    E você tem razão...a mudança tem que ser sempre para melhor, sempre...mas, às vezes, acho que fiz uma escolha equivocada...e vou contar isso no blog.
    Beijoca

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  8. Pois é Lu, a saudade é um sentimentozinho tão gostoso quanto sufocante. Me lembra um sorvete de frutas vermelhas, doce e sutil.
    Sinto saudade...de tudo! rsrs
    Mas sinto saudade de onde até hoje considero meu "planeta de origem": as ruas movimentadas de pinheiros, a feirinha da Benedito Calixto e as correrias entre ensaios e colégio na Teodoro Sampaio.
    São aqueles lugares que, de um jeito ou de outro, fazem parte de nós e sempre vão ser "a nossa casa" ou "o nosso universo". Onde passamos por bons momentos, onde nos conhecemso de verdade.

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  9. Nossa, Lu, me deu vontade de chorar lendo este POST....
    Menina, outro dia fui até o apartamenteo onde meu filho nasceu ( ele já está com 13 anos ) . Hoje moro num maior, mais confortável, mais encantador..
    Mas sentí uma saudade da Monica que eu fui naquela época, com todos os meus sonhos e inseguranças.....

    Houve uma identificação plena com seu Blog....

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  10. Pois é, Monica, você falou tudo: saudade de quem a gente foi naquela época. É isso mesmo. Acho que a grande saudade é essa. Também sinto muito isso.

    Que bom que você se identificou. Volta sempre, tá!

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